Cada vez que sua mão alcançava a minha no alvoroço do momento, cascateavam jóias dos meus olhos. Cada palavra de amor que eu te dizia fazia rolarem pérolas dos meus lábios. Quando seu olhar tocava minha pele, eu sentia o calor do sol mesmo em um quarto escuro. Se seus lábios tocavam os meus, uma brisa envolvia minha alma e a tirava para dançar. Para cada vez que eu sorri para você, brotou uma flor. E, entre elas, caminho para sempre.
Assume-se que seres da noite como eu sentem repulsa por seres da luz, como anjos e outros parecidos com eles; mas não poderiam estar mais errados. Se não é a imensa vontade de corromper tudo o que é bom e belo, o que nos atrái é o caráter às vezes malicioso, enganador, como o das fadas. Tive minhas experiências com pessoas assim. Naquela noite em específico, entrei num clube noturno como tantos outros. Ultimamente um anjo, dentre todas as criaturas, andava frequentando os inferninhos comuns às outras raças. Era impossível não notá-lo: além do brilho dourado que emitia, estava cercado de mulheres de diversas espécies, todas hipnotizadas pela possibilidade de estar perto de um anjo. Claro que era bonito. Alto, dos olhos verdes e a pele tão branca e uniforme que parecia pedra. Parecia incrivelmente entediado, muito mais interessado em fumar um cigarro lentamente do que dar atenção à alguma de suas várias acompanhantes. Reconheci algumas das moças cujo olhar estasiado varria aquele rosto
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