Ele era um jovem prodígio. Tocava violino desde os oito anos, num talento sem igual. Seus olhos castanhos e vívidos se fechavam quando suas mãos punham-se em ação , em melodias melancólicas e contagiantes. Não havia criança mais bela e tímida que ele na pequena vila. Seu pai era barbeiro, e ele o via afiar as lâminas cuidadosamente todas as tardes. Orgulhoso, o pai bagunçava os caprichados cachos do menino e pedia para que tocasse alguns minutos para ele. Ele sentava-se num banquinho , posicionava seu querido instrumento musical e fechava os olhos - os minutos seguintes se passavam num doce torpor. Sua pele pálida refletia os cálidos e últimos raios de sol, quando a barbearia era fechada, e o pai o convidava a ir jantar no restaurante da esquina. E lá iam os três, homem, garoto e violino. Ao chegar no conhecido lugar, sentavam-se numa mesa gasta e amarelada, pediam o prato do dia e comiam silenciosamente. Vez ou outra, passava um conhecido para cumprimentá -los e ver o brilho nos...
Sonhos, sentimentos e texturas.