Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de janeiro 28, 2013

Poesia Matinal

- Que horas são? - Sete e meia da manhã. - Sério isso? Eu virei a noite outra vez? Mas que merda. Ele coçou a barba, revirou aqueles olhos fundos e agarrou a caneca favorita, que eu tinha enchido de café. - Você escreveu algo novo? - Nada. Continuo preso naquele projeto que sei que não vai render nada. - Não se preocupe, querido. Ele me tomou a mão, distraído, massageando-me as juntas com as pontas dos dedos. Depois, acendeu um cigarro e o deixou pender molemente nos lábios. - Você quer cortar os cabelos hoje? Aquele olhar de criança surpresa sempre me fascinara. Rasgou-se num sorriso agradecido. - Se você puder... Só não estranhe se eu dormir. E foi-se, sentou na cadeira alta, o cigarro nos lábios e a caneca numa das mãos, um caderninho na outra. Enfiado atrás de uma orelha, um lápis muito mordido. Joguei a capa por cima de seus ombros, molhei seu cabelo, ia apanhando tufos entre os dedos e a tesoura deslizava. - Como você pretende escrever ideias se não larga desse café?