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Mostrando postagens de novembro 15, 2010

A Enforcada

A árvore era um grosso carvalho no jardim de trás. A casa era antiga, toda em estilo vitoriano, com aquela delicada pátina que apenas o tempo pode oferecer. Das varandas, pendiam samambaias que tocavam o chão como longos cabelos verdes, as janelas observavam a rua tão pitoresca quanto a casa. Joseph vinha visitá-la todas as tardes com uma flor na mão, roubada do cemitério. Não era bonito, mas era um rapaz atraente. Dotado de um sorriso gentil e mãos artísticas, ele era o pintor da pequena vila. Era frequentemente contratado para retratar a aristocracia quase rural daquela cidadela. Seus cabelos negros em ondas caprichosas estavam um tanto quanto amassados - arrumara uma nova namorada - e vinha em passos curtos com uma margarida na mão. Era amigo há meses de Manuela, a menina de olhos tristes e tez pálida. Em seus quinze anos, acumulava um incrível conhecimento filosófico e humanístico. Por ser hemofílica, a família a condenara a uma vida reclusa, cercada de delicadeza; e ela passava