Ela caminhou até o outro lado do quarto e se jogou no divã, estendendo as pernas e cruzando os tornozelos, os braços pendendo em cada lado do móvel. Suspirou muito alto, e virou-se de costas para mim.
- Jéssica, - disse eu - eu estava falando.
- Não me importo, há momentos em que o som da sua voz me cansa.
Ofendido e um pouco magoado, fechei a boca ainda aberta para retrucar, mas que parara assim por pura surpresa. Alisei o linho das coxas da minha calça e, olhando em volta sem saber o que fazer, decidi sair do quarto para a varanda. Os móveis escuros e os muitos objetos pessoais espalhados ali não me deram resposta sobre como reagir.
Trouxe comigo um copo de uísque, mesmo que fossem apenas nove da manhã. Deixei-o no balaústre de pedra, vitoriano e caríssimo, enquanto acendia um cigarro. Enquanto sentia a fumaça circular dentro de mim, senti-me relaxar os músculos das costas, ainda tensos. Realmente, não fazia sentido ficar chateado. Aquela era uma reação muito típica de Jesse.
Virei o resto do uísque, deixei ali o copo e atirei a guimba de cigarro para longe. Antes de minha mão tocar a maçaneta, um arrepio me correu pelo braço e gelou momentaneamente meu interior. Entrei novamente no quarto, para encontrá-la exatamente na mesma posição. Caminhei até ela, sem fazer barulho, e toquei-lhe o ombro. Ela me olhou como sempre o fazia: seu rosto não dizia absolutamente nada, e seus grandes olhos me pareciam a coisa mais maravilhosa já criada.
- Jéssica... - suspirei, cansado.
Ela levantou-se pelo outro lado do divã, circulou-o e pôs as mãos nos meus ombros. A proximidade de seus lábios grossos e sem batom, além de seu hálito de menta fortíssimo, me causaram uma leve tonteira. Por que era sempre tão difícil só para mim? Por fim, eles se abriram em um sorriso e quase contei as pecinhas de marfim que ela carregava na boca.
- William, você é tão bom pra mim. Desculpa-me.
Seus braços me envolveram como um polvo, mal percebi já estávamos caindo deitados no divã, as pernas e os braços entrelaçados. Seus olhos muito próximos do meu rosto me faziam cócegas com seus cílios longos e negros. Eu a perdoei. E perdoaria pela eternidade.
- Jéssica, - disse eu - eu estava falando.
- Não me importo, há momentos em que o som da sua voz me cansa.
Ofendido e um pouco magoado, fechei a boca ainda aberta para retrucar, mas que parara assim por pura surpresa. Alisei o linho das coxas da minha calça e, olhando em volta sem saber o que fazer, decidi sair do quarto para a varanda. Os móveis escuros e os muitos objetos pessoais espalhados ali não me deram resposta sobre como reagir.
Trouxe comigo um copo de uísque, mesmo que fossem apenas nove da manhã. Deixei-o no balaústre de pedra, vitoriano e caríssimo, enquanto acendia um cigarro. Enquanto sentia a fumaça circular dentro de mim, senti-me relaxar os músculos das costas, ainda tensos. Realmente, não fazia sentido ficar chateado. Aquela era uma reação muito típica de Jesse.
Virei o resto do uísque, deixei ali o copo e atirei a guimba de cigarro para longe. Antes de minha mão tocar a maçaneta, um arrepio me correu pelo braço e gelou momentaneamente meu interior. Entrei novamente no quarto, para encontrá-la exatamente na mesma posição. Caminhei até ela, sem fazer barulho, e toquei-lhe o ombro. Ela me olhou como sempre o fazia: seu rosto não dizia absolutamente nada, e seus grandes olhos me pareciam a coisa mais maravilhosa já criada.
- Jéssica... - suspirei, cansado.
Ela levantou-se pelo outro lado do divã, circulou-o e pôs as mãos nos meus ombros. A proximidade de seus lábios grossos e sem batom, além de seu hálito de menta fortíssimo, me causaram uma leve tonteira. Por que era sempre tão difícil só para mim? Por fim, eles se abriram em um sorriso e quase contei as pecinhas de marfim que ela carregava na boca.
- William, você é tão bom pra mim. Desculpa-me.
Seus braços me envolveram como um polvo, mal percebi já estávamos caindo deitados no divã, as pernas e os braços entrelaçados. Seus olhos muito próximos do meu rosto me faziam cócegas com seus cílios longos e negros. Eu a perdoei. E perdoaria pela eternidade.
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