- Você está arruinando minha vida. Ou o que resta dela.
Os olhos escuros dele não responderam de imediato ao meu desabafo. Sorriu, aparentemente tão cansado quanto eu.
- Me desculpe.
Desabei na poltrona à sua frente, lágrimas escorrendo pelo meu rosto e ocasionalmente ficando presas nas lentes dos meus óculos escuros, formando gotas maiores e geladas. Antes que sua mão, grande e morena, me alcançasse, arranquei os óculos e limpei os olhos rudemente.
- Seus olhos...
- Eu sei.
Levantei e fui parar, de costas para ele e de frente ao grande espelho inclinado que ficava sobre a cômoda. Realmente não era de se impressionar que ele comentasse dos meus olhos. Inchados pelo choro, avermelhados pelo cansaço e arroxeados pela falta de sono, eu era o retrato da miséria. Até meu rosto, agora muito sulcado, revelava que eu tinha passado pelo Vale das Sombras.
- O que aconteceu?
Antes, aquela pergunta me provocaria uma crise incontrolável. No entanto, mastiguei suas palavras, absorvendo lentamente o tom de sua voz.
- Coisas. Coisas com as quais você não precisa se preocupar. Meu tempo acabou.
Ele levantou-se e colocou uma mão no meu ombro.
- O que você quer dizer com isso?
Voltei-me para ele, o único sorriso verdadeiro que dava em tantos meses. Com os dedos trêmulos, enfiei a mão num dos bolsos do casaco para retirar uma garrafa minúscula e entregar-lhe. Antes que meus olhos se fechassem para sempre, vi seus lábios formarem uma palavra. "Cianeto".
Os olhos escuros dele não responderam de imediato ao meu desabafo. Sorriu, aparentemente tão cansado quanto eu.
- Me desculpe.
Desabei na poltrona à sua frente, lágrimas escorrendo pelo meu rosto e ocasionalmente ficando presas nas lentes dos meus óculos escuros, formando gotas maiores e geladas. Antes que sua mão, grande e morena, me alcançasse, arranquei os óculos e limpei os olhos rudemente.
- Seus olhos...
- Eu sei.
Levantei e fui parar, de costas para ele e de frente ao grande espelho inclinado que ficava sobre a cômoda. Realmente não era de se impressionar que ele comentasse dos meus olhos. Inchados pelo choro, avermelhados pelo cansaço e arroxeados pela falta de sono, eu era o retrato da miséria. Até meu rosto, agora muito sulcado, revelava que eu tinha passado pelo Vale das Sombras.
- O que aconteceu?
Antes, aquela pergunta me provocaria uma crise incontrolável. No entanto, mastiguei suas palavras, absorvendo lentamente o tom de sua voz.
- Coisas. Coisas com as quais você não precisa se preocupar. Meu tempo acabou.
Ele levantou-se e colocou uma mão no meu ombro.
- O que você quer dizer com isso?
Voltei-me para ele, o único sorriso verdadeiro que dava em tantos meses. Com os dedos trêmulos, enfiei a mão num dos bolsos do casaco para retirar uma garrafa minúscula e entregar-lhe. Antes que meus olhos se fechassem para sempre, vi seus lábios formarem uma palavra. "Cianeto".
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