Ajoelhada na cama, nua, os pulsos e tornozelos amarrados. Uma venda cobria seus olhos e uma mordaça selava seus lábios. Os cabelos quase azuis de tão negros estavam despenteados e caíam tampando os seios. Não que ela se importasse, se ele estivesse olhando.
A pele rosada se arrepiou quando sentiu o perfume dele no ar. Tentou chamá-lo, mas a mordaça só permitia grunhir.
- Shhh...
Um dedo em riste tocou seus lábios. Aquele era sempre o momento favorito dos dois.
A mordaça foi tirada delicadamente e também a venda. A pele dourada fazia os olhos azuis de seu senhor ainda mais bonitos aquela noite, mesmo coberta pelo terno.
- Lhe comprei um presente e quero que use para mim.
- Obrigada, meu senhor. Não mereço sua generosidade.
Ele tirou do guarda-roupas uma caixa grande e branca. Abrindo-a, cobertas de cetim, estava um par de botas pretas de couro cano alto, salto fino, quase um pecado de tão bonitas. Os olhos dela marejaram.
- Tem certeza?
- Shhh. Seu senhor sempre tem certeza.
Enquanto desamarrava as cordas, ele cantava sua canção favorita.
Comentários