- Ei, você está acordado?
Um grande e sonolento par de olhos azuis se abriu. Confuso, Jacques olhou em volta. Marine havia escalado de novo o suporte da hera e entrado por sua janela, e estava parada em pé junto ao guarda roupa. Penteava languidamente os cabelos alaranjados muito compridos e ondulados, olhando para as pinturas do teto que ela mesma deixara na noite anterior.
Sentando-se na cama, ele sentiu aquele cheiro de lavanda que ela exalava... Era como se, a todo momento, ela tivesse saído do banho.
- Por que você sempre faz isso?
- Isso o quê?
- Entra pela minha janela enquanto estou dormindo. Você sabe que eu detesto isso.
Ela deu ombros e girou os olhos.
- Eu estava entediada...
- Entediada às cinco horas da manhã?! - soou mais ríspido do que ele pretendia.
Ela deu ombros novamente e saiu do quarto. Jacques podia apostar suas cuecas que ela fora assaltar a geladeira. Enquanto ela descia as escadas, ele se arrastou pra dentro do chuveiro. Quando saiu do banho, ela estava sentada na cama com um pacote de biscoitos. Ao vê-lo, abriu um sorriso brilhante e procurou ajeitar-se.
De toalha, ele abria o guarda roupa procurando seu eterno jeans e sua camisa xadrez.
- Jacques, eu vim lhe contar uma coisa.
- E o que é? - Ele estava de costas pra ela, com a cabeça enfiada no meio de uma profusão colorida de roupas.
- Jacques... - a voz soava às suas costas. - Eu amo você.
- O QUÊ?
E tudo o que se ouviu foi o som de muitos cabides caindo no chão e um beijo roubado.
Comentários