Observei a tez bem escura de uma moça, cujo cabelo se punha
como uma coroa de cabelos crespos, e imaginei como diria a ela que sua cor é
belíssima. Imagino que nos confins do universo, o céu se transforma em água e
jorra em cachoeira para se desfazer em nada. Todos os dias, uma das deusas leva
um jarro na cabeça para colher a água e reabastecer um pequeno poço. Ela tem a
pele da cor dos grãos de café e o corpo delgado, com um fino e elegante pescoço
onde a cabeça divina repousa, o cabelo crespo cortado bem baixo de modo a fazer
pequenos círculos onde deveriam ser cachos. Vestida de laranja e dourado, seu
ventre hoje está menor que o normal pois ela deu a luz recentemente. A menina veio como um
bebê frágil e que quase não respirava. Sábia, a mãe-deusa banhou o bebê no céu
escuro sem estrelas e garantiu a ela a cor divina que tinha por direito.
Mas não digo nada.
Mas não digo nada.
Comentários