Quando saí da prisão, deixando pra trás um canto escuro, imundo e um rosto marcado pelas sombras das barras de ferro, o sol feriu meus olhos quando finalmente pude ver sua luz. Os raios cálidos tocaram meu rosto mornamente, os cantos dos pássaros vinham até mim no vento, os ramos de lavanda dançavam entre si. Caminhando, cheguei ao abismo. E, ao observá-lo, concluí: nunca saímos da prisão, ela apenas muda de aspecto.
Metódico, cirurgicamente limpo, preciso. O sobretudo preto e a cartola de cetim da mesma cor; as delicadas luvas de pelica branca, tudo denotava sua classe. Era um assassino. E não era unicamente um assassino... era um gênio. O melhor e mais conhecido de todos os tempos, e além de tudo, o mais rico. Engraçado como essa noite não carregava sua maleta com seus preciosos instrumentos. Levava em uma das mãos sua bengala, engastada com pérolas negras; e na outra, um estranho embrulho branco. Era grande o suficiente para parecer um presente, mas a cobertura era uma tira de pano branco e simples. Não podia pertencer à nenhuma de suas amantes. Cuidadoso também nesse sentido, nunca deixara com que nenhuma delas sobrevivesse mais do que algumas noites de satisfação. Presenteava-as, claro, mas logo recuperava o lucro perdido. Até a noite em que a conhecera. Helena era uma figura mítica. Muito mais bela que Helena de Tróia, muito mais poderosa que qualquer rainha amazona. Seus cabelos de um ruivo ...
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