A árvore era um grosso carvalho no jardim de trás. A casa era antiga, toda em estilo vitoriano, com aquela delicada pátina que apenas o tempo pode oferecer. Das varandas, pendiam samambaias que tocavam o chão como longos cabelos verdes, as janelas observavam a rua tão pitoresca quanto a casa.
Joseph vinha visitá-la todas as tardes com uma flor na mão, roubada do cemitério. Não era bonito, mas era um rapaz atraente. Dotado de um sorriso gentil e mãos artísticas, ele era o pintor da pequena vila. Era frequentemente contratado para retratar a aristocracia quase rural daquela cidadela. Seus cabelos negros em ondas caprichosas estavam um tanto quanto amassados - arrumara uma nova namorada - e vinha em passos curtos com uma margarida na mão.
Era amigo há meses de Manuela, a menina de olhos tristes e tez pálida. Em seus quinze anos, acumulava um incrível conhecimento filosófico e humanístico. Por ser hemofílica, a família a condenara a uma vida reclusa, cercada de delicadeza; e ela passava os dias na biblioteca.
Já que os livros não eram exatamente ricos em figuras, Manuela encontrara em Joseph um aliado. Com seu carvão, delicadamente ele criava as formas que ela descrevia, mostrando-lhe como era o mundo que dificilmente ela veria.
Joseph sentia pena da menina. Queria tanto mostrar todas aquelas coisas... Mas só podia fazê-lo através de traços... Uma visão do mundo através de uma luneta. No entanto, ela nunca reclamava e o agradecia polidamente. Abaixava seus olhos púrpura e inclinava sua cabeça loura, e empurrava-lhe um bombom através da mesinha do jardim.
Aquela tarde terminava com um pôr-do-sol especialmente belo, em matizes de dourado e roxo. Era quase como se as cores da garota estivessem espalhadas pelo céu. Joseph aproximou-se da grade do jardim de trás devagar, contando os passos, e empurrou delicadamente o portão. Sua visão borrou-se e retorceu-se, indo ajustar-se formando o contorno de um pequeno corpo dependurado pelo pescoço, uma cadeira caída aos seus pés.
Com um dos carvões esquecidos, ela escrevera num bilhete "Estou livre!". Realmente, eram as cores de Manuela espalhadas pelo céu.
Joseph vinha visitá-la todas as tardes com uma flor na mão, roubada do cemitério. Não era bonito, mas era um rapaz atraente. Dotado de um sorriso gentil e mãos artísticas, ele era o pintor da pequena vila. Era frequentemente contratado para retratar a aristocracia quase rural daquela cidadela. Seus cabelos negros em ondas caprichosas estavam um tanto quanto amassados - arrumara uma nova namorada - e vinha em passos curtos com uma margarida na mão.
Era amigo há meses de Manuela, a menina de olhos tristes e tez pálida. Em seus quinze anos, acumulava um incrível conhecimento filosófico e humanístico. Por ser hemofílica, a família a condenara a uma vida reclusa, cercada de delicadeza; e ela passava os dias na biblioteca.
Já que os livros não eram exatamente ricos em figuras, Manuela encontrara em Joseph um aliado. Com seu carvão, delicadamente ele criava as formas que ela descrevia, mostrando-lhe como era o mundo que dificilmente ela veria.
Joseph sentia pena da menina. Queria tanto mostrar todas aquelas coisas... Mas só podia fazê-lo através de traços... Uma visão do mundo através de uma luneta. No entanto, ela nunca reclamava e o agradecia polidamente. Abaixava seus olhos púrpura e inclinava sua cabeça loura, e empurrava-lhe um bombom através da mesinha do jardim.
Aquela tarde terminava com um pôr-do-sol especialmente belo, em matizes de dourado e roxo. Era quase como se as cores da garota estivessem espalhadas pelo céu. Joseph aproximou-se da grade do jardim de trás devagar, contando os passos, e empurrou delicadamente o portão. Sua visão borrou-se e retorceu-se, indo ajustar-se formando o contorno de um pequeno corpo dependurado pelo pescoço, uma cadeira caída aos seus pés.
Com um dos carvões esquecidos, ela escrevera num bilhete "Estou livre!". Realmente, eram as cores de Manuela espalhadas pelo céu.
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