Já faziam mais de dez anos que eu não voltava naquele lugar. Que tipo de pessoa eu me tornara, através daqueles anos sombrios que passei? Uma estranha parasita, que serpenteia pelos becos escuros, talvez.
Conheci ambos em épocas diferentes, é verdade, e amei um, mais que o outro. Primeiro, o Ruivo. Ah, quão jovens éramos ambos, quando estávamos juntos! Sentia-me regredir todos os anos de sofrimento, e as palavras dele me faziam acreditar que ele sempre estaria ali, porém... Porém, eu o temia. Na verdade, confesso: temia perdê-lo, mas temia tanto, que não dava-lhe oportunidades.
Foi assim que conheci o Loiro. Já o havia visto antes em outras de minhas noites, e cobiçava-o por seu ar distante e beleza estranha. Parecíamos de mundos tão diferentes, mas, numa noite, tivemos nosso eclipse. E foi aí, meus caros, que começou o meu tormento.
O Ruivo nunca fora muito o meu tipo, não frequentava os mesmos meios que os meus, e detestava quase todos os meus gostos. No entanto... Tinha uma beleza fresca, com a qual nunca fui acostumada, e assim que estive em seus braços, foi fácil demais me render. Seus cabelos cor de fogo passavam entre meus dedos magros, e enquanto ele fumava um cigarro no divã, eu cantava para ele. Ele me cansava por ser complexo demais.
O Loiro, ah! Esse também não era lá muito meu tipo... Gostávamos das mesmas coisas, mas suas conversas chegavam a me irritar a ponto da loucura. Quando arrumava-lhe cuidadosamente as roupas no corpo ou cheirava seu perfume, no entanto, sentia-lhe um afeto profundo. Ele me cansava por ser simples demais.
Não sei quando fui abandonada, por um ou por outro. Sei que cada um foi-se no seu tempo, e eu continuei naquele velho apartamento, sozinha, entre espelhos, quadros e livros. O piano, que o Loiro tanto gostava de tocar, ainda estava encimado pelo cinzeiro do Ruivo. O divã tinha, a cada noite, a fragrância de um, e várias vezes eu adormecia sentindo a falta de ambos.
Olhava-me no espelho, vendo meus cabelos castanhos caírem sem vida por sobre minhas orelhas, vendo meus olhos verdes perderem o brilho de esmeralda, vendo minha magreza se tornando excessiva.
Nem me lembro quando foi o fim. Só sei que o definhar foi lento...
Conheci ambos em épocas diferentes, é verdade, e amei um, mais que o outro. Primeiro, o Ruivo. Ah, quão jovens éramos ambos, quando estávamos juntos! Sentia-me regredir todos os anos de sofrimento, e as palavras dele me faziam acreditar que ele sempre estaria ali, porém... Porém, eu o temia. Na verdade, confesso: temia perdê-lo, mas temia tanto, que não dava-lhe oportunidades.
Foi assim que conheci o Loiro. Já o havia visto antes em outras de minhas noites, e cobiçava-o por seu ar distante e beleza estranha. Parecíamos de mundos tão diferentes, mas, numa noite, tivemos nosso eclipse. E foi aí, meus caros, que começou o meu tormento.
O Ruivo nunca fora muito o meu tipo, não frequentava os mesmos meios que os meus, e detestava quase todos os meus gostos. No entanto... Tinha uma beleza fresca, com a qual nunca fui acostumada, e assim que estive em seus braços, foi fácil demais me render. Seus cabelos cor de fogo passavam entre meus dedos magros, e enquanto ele fumava um cigarro no divã, eu cantava para ele. Ele me cansava por ser complexo demais.
O Loiro, ah! Esse também não era lá muito meu tipo... Gostávamos das mesmas coisas, mas suas conversas chegavam a me irritar a ponto da loucura. Quando arrumava-lhe cuidadosamente as roupas no corpo ou cheirava seu perfume, no entanto, sentia-lhe um afeto profundo. Ele me cansava por ser simples demais.
Não sei quando fui abandonada, por um ou por outro. Sei que cada um foi-se no seu tempo, e eu continuei naquele velho apartamento, sozinha, entre espelhos, quadros e livros. O piano, que o Loiro tanto gostava de tocar, ainda estava encimado pelo cinzeiro do Ruivo. O divã tinha, a cada noite, a fragrância de um, e várias vezes eu adormecia sentindo a falta de ambos.
Olhava-me no espelho, vendo meus cabelos castanhos caírem sem vida por sobre minhas orelhas, vendo meus olhos verdes perderem o brilho de esmeralda, vendo minha magreza se tornando excessiva.
Nem me lembro quando foi o fim. Só sei que o definhar foi lento...
Comentários